quarta-feira, 21 de julho de 2010

"A inveja é tão vil e vergonhosa que ninguém se atreve a confessá-la"

Pois é... Inveja não há quem a não tenha... de alguma coisa... de alguém... É um facto! E até saudável, se a utilizarmos como um parâmetro de comparação ao sucesso desejado, mas conquistando-o... trabalhando para o alcance do objectivo!
Apesar de muitos não se considerarem invejosos, as atitudes e comportamentos (ou os comportamentos que se deixam de ter...), revelam que nos recônditos da sua alma existe esse sentir que pode até fazer surgir sentimentos de auto-destruição a longo prazo...
Mais grave que isso, são as manifestações contrárias ao significado de inveja. É incrível! Se pararmos para pensar um pouco mais profundamente, chegamos a conclusões que nos provocam até arrepios... arrepios de desilusão e desconforto por perceber que muitas das conversas, opiniões, certezas, perspectivas de alguns, não são mais que manifestações subentendidas da sua Inveja pelo outro...
Quero apenas aqui manifestar o quanto me entristece perceber, embora nunca o diga directamente, que estou bem atenta a discursos de não-aprovação, de não concordância, de alguma ironia até, sobre aquilo que me diz respeito, sobre as minhas escolhas, sobre as minhas perspectivas... Não que sejam as ideais, não que sejam as certas... mas também desejadas pelo Invejoso "inquisidor"...
Acredito até que esses Eus que se consideram não invejosos e que até desejam o nosso bem, nem se apercebam que através das suas subtis expressões, das suas respostas secas e dotadas de um propositado abandono total de compreensão, revelam simplesmente a sua inveja... Coisa feia!
Mas a inveja de que falo, nunca em tempo algum será admitida ou até interiormente posta em causa... Desejo apenas que esses Eus olhem para "dentro", e num qualquer momento a sós consigo mesmos, analisem os seus comportamentos e sintam alguma vergonha pelas suas fugas à realidade do seu Eu... Em meu entendimento, este tipo de Inveja advém de outro "Pecado Capital" - A Preguiça! Não a preguiça física, mas sim a preguiça mental! A preguiça de mudar alguma alguma coisa na sua vida, que ao mesmo tempo fortalece as suas opiniões (distorcidas e auto-enganosas) sobre a vida dos Eus Invejados...

Obrigada pela Inveja que me é dirigida... A quantidade de invejosos na minha vida será o barómetro das minhas capacidades e dos meus sucessos!

terça-feira, 20 de julho de 2010

Dedico a todos os MEDÍOCRES... mesmo àqueles que julgam não o ser... portanto, a mim também! É difícil, por vezes, não o ser...


"Os rotineiros racionam com a lógica dos outros. Disciplinados pelo desejo alheio, encaixam-se em seu escaninho social, e se catalogam, como recrutas, nas fileiras de um regimento. São dóceis à pressão do conjunto, maleáveis ao peso da opinião pública, que os aplaina, como inflexível laminador. Reduzidos a sombras inúteis, vivem do critério alheio; ignoram-se a si próprios, limitando-se a crer que são como os outros julgam. Os homens excelentes, ao invés, desdenham a opinião alheia na justa proporção em que respeitam a própria, sempre mais severa, ou a de seus iguais."

"O homem excelente é reconhecível, porque é capaz de renunciar a toda prebenta que tenha por preço uma partícula de sua dignidade. O gênio move-se em sua própria órbita, sem esperar sanções fictícias de ordem política, acadêmica ou mundana; revela-se pela perenidade da sua irradiação, como se sua vida fosse um perpétuo amanhecer."


Fonte: Livraria Paratodos, 1953

sexta-feira, 16 de julho de 2010

"Quando Falo com Sinceridade não sei com que Sinceridade Falo"

Não sei quem sou, que alma tenho. Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo. Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros). Sinto crenças que não tenho. Elevam-me ânsias que repudio. A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me ponta traições de alma a um carácter que talvez eu não tenha, nem ela julga que eu tenho. Sinto-me múltiplo. Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas. Como o panteísta se sente árvore e até a flor, eu sinto-me vários seres. Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente, como se o meu ser participasse de todos os homens, incompletamente de cada, por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço."


Fernando Pessoa, in 'Para a Explicação da Heteronímia."

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Civilização de Hipócritas



Existem infinitamente mais homens que aceitam a civilização como hipócritas do que homens verdadeiramente e realmente civilizados, e é lícito até perguntarmo-nos se um certo grau de hipocrisia não será necessário à manutenção e à conservação da civilização, dado o reduzido número de homens nos quais a tendência para a vida civilizada se tornou uma propriedade orgânica.

Sigmund Freud, in 'As Palavras de Freud'