quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Estranhos momentos…



Apesar de toda a força e confiança que me acompanha aquando dos momentos mais delicados, existem pequenos espaços no tempo em que me apetece permanecer frágil… pela necessidade de não ter que “enfrentar-me”… exigir de mim…


Existem momentos que me induzem à desistência e apego a “soluções fáceis”, impensadas e inopinadas por outros…


…também os chamados fortes e lutadores… veteranos de batalhas (como alguém gosta de me chamar) sentem um enorme desejo de extravasar nos sentimentos e despir a “armadura”… dispensar o “ferro” da alma e libertar a fraqueza…


Sei o porquê destes momentos… desta angústia, desta indefinição que me persegue e corrói por dentro… na carne… Dou por mim a “esmagar” as próprias mãos e a sentir uma enorme tensão muscular… testa franzida e olhos fitos no nada…


Poderei eu obstar e assumir este “Eu” inobservado por todos? Aqueles que exigem de mim de forma já firmada… condicionada pela percepção da “lutadora veterana”…
Apenas queria espaço para me envolver com os meus estranhos momentos… comuns a tantos outros que andarão por aí… mas vistos como não condizentes com “a batalhadora” de todos os dias…


Que esforço a que me submeto! Que peso enorme! Que sufoco!


Também quero e preciso de ser abraçada e embalada pela tristeza! Preciso banhar-me nas próprias lágrimas… deixá-las cair de forma livre e impedida… há muito que as “acorrento”… há muito que as “condeno” à implosão… rebentamento para dentro… Estranhos momentos estes…


Minha Culpa! Mas também daqueles que esperam de mim sempre acima do normal dos “Eus”… Estranhos momentos estes… que me chamam para dentro de visita à “repartição do coração cheio”… cheio de “lixo sentimental”, que se acumula com o “pó dos dias”…
Permitam-me à interioridade… Quero poder cruzar os braços e colocá-los por cima dos joelhos… ficar em pranto… Equilibra-me…!


Afinal não passo de mais um “Eu” em apuros… mas pela necessidade de me libertar do formato “fortaleza intransponível”… Nada disso! É injusto e egoísta! É exigir do “outro” um comportamento contrário à natureza humana… Todos precisamos de nos renovar… e, renovar-nos é permitir-nos também a um certo autismo… mesmo que por vezes forçado (choro) …

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Fazer crescer o “Eu”…

Ao contrário do que em tempos pensei… hoje reconheço que não existe a fórmula humana do “dois em um”… existe sim, “Eus” que se confundem e “se impedem” de crescer individualmente. Contudo, não se pode dizer que sejam erros cometidos por si só… existe, de facto, uma força que nos compulsa a seguir certos rumos pela ausência de um próprio… de uma estrutura que nos permita avaliar as questões que a vida nos coloca e que nem sempre (ou quase nunca) a “resposta” é objecto de uma identidade própria… de uma crítica pessoal e única…

Nem seria possível assim Ser… Ser por saber, conhecer, reconhecer, identificar… Decidir… Apenas quando se cresce por dentro e de acordo com a experiência vivida (pelo próprio “Eu”) se obtém a majestosa capacidade para decidir… todas as outras decisões, apenas constituem movimentos viciados e sem vinco interior…

Eis agora o Crescimento… pela experiência de ter seguido e não ter “olhado as laterais”… Mas não considero que a responsabilidade seja de quem marca o caminho a seguir, principalmente quando se trata de crescimento conjunto… a condição que anula o individual… o “Eu” verdadeiro… as próprias necessidades… aquelas que nos fazem cruzar as mãos e levá-las à testa… que nos martirizam a alma e nos puxam “à força” para o interior… esse quarto escuro que nunca ninguém entra sem consentimento (até de si próprio) … A introspecção! Exercício mental quase inexistente entre os “Eus”... Exercício que apenas aprende quem identifica a existência do “Um só”… A INDIVIDUALIDADE…

Apenas um desafio vos coloco:

-Quem se atreve a olhar para dentro de si?
-Quantos de vós olha para si enquanto “dono” de si próprio?
-Será que alguma vez nos sentimos donos de nós próprios? Será? DESAFIO MESMO AQUELES QUE PENSAM QUE SIM, PORQUE POR VEZES CONFUNDEM-SE COM AQUELES QUE SE JULGAM DONO DE ALGUÉM!

Acho que nos andamos a esquecer, que para poder andar lado a lado com o objecto do nosso Amor à que ceder de forma incondicional… absoluta… irrestrita… Ceder ao formato da nossa alma… do nosso querer… do nosso “Eu”… Não seria bem mais fácil, honesto e com probabilidade mínima para morrer em vida…?

Sim! Morrer em vida! A maioria de nós morre em vida para fazer sobreviver quem escolhe por nós! Mas também eles são mortos-vivos porque se alimentam da passividade do seu seguidor…
Decesso absoluto aos “Mortos-Vivos”! Vida para quem quer crescer permitindo o crescimento do “Outro”…

Concluo com “Delfins”:

Quando alguém nasce, nasce selvagem!
Mais que a um país,
Que a uma família ou geração,
Mais que a um passado,
Que a uma história ou tradição,


TU PERTENCES A TI!
NÃO ÉS DE NINGUÉM!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Caminhos…



Caminhos… é este o tema que nos últimos dias me tem “insultado” a vontade… a disponibilidade para escolher… o livre querer…

Contudo, infelizmente não podemos ceder apenas ao livre querer, porque outros “quereres”… outras necessidades se manifestam… condição que apela ao meu “Eu” para que me apresse, para que me defina… Decisões! Caminhos…

O exercício a que me proponho é tão necessário como injusto… Vejo-me impelida ao mergulho… Imagino uma daquelas paisagens que podemos vislumbrar bem de cima… daquelas que nos apetece assumir o risco… como quem, passo após passo se aproxima do precipício, prevê os riscos… mas pela magnitude da vista não hesita em investir um pouco mais por saber que a compensação de correr o risco nos poderá mudar toda a perspectiva… ver mais fundo… medo, coragem, vontade, hesitação, necessidade… mistos de sentimentos contraditórios… Dificuldade na escolha dos caminhos…

A verdade, é que sei que não poderei “sacar” do “pára-quedas” durante a queda… voltar ao ponto de partida (o agora conquistado) resta-me a escolha entre o salto e a indefinição até que passe… Será que passa? Será que quero que passe…?

Entretanto é impossível não “espalhar cartas”, e distribuir de forma legítima e consentida a possibilidade de “Eus” de quem gosto muito, poderem vir a ser originais e inventarem um caminho alternativo aos já perspectivados, alguns deles já percorridos… Mas é apenas um exercício que me afasta, entretanto, da “responsabilidade solitária” que me pertence… Tentativas frustradas de encontrar nos “Outros Eus”, a resposta ao caminho a escolher…
Aqui só eu existo enquanto objecto de movimento… de mudança… São inúteis todas as investidas à resposta do “Outro”…

Eu aqui e agora…? Que sinto?! Pássaro sem rumo! Perdido entre estações...