terça-feira, 2 de junho de 2009

A grande Peça de Teatro que é a Nossa Vida...


Gostaria de partilhar algo convosco… apesar de saber que dificilmente me respondem… cá vai…
Não sei ao certo se se trata de alguma espécie de sentimento relacionado com a “recta dos 30”… talvez… A verdade é que ultimamente olho à minha volta e tenho a sensação que pertencemos todos a uma grande peça de teatro. Posso tentar explicar (se é que isto tem explicação) …


A idade deveria atribuir mais sabedoria, mais previsão sobre os acontecimentos, mais exigência, mais segurança, mais tranquilidade… enfim… tornar o ser humano mais completo nas suas relações e interacções com o meio que o envolve, sejam as pessoas, as coisas ou acontecimentos. No entanto, não é isto que observo… talvez porque ainda não tive a oportunidade de me envolver mais com o “mundo”… e quando digo mundo, falo em tudo aquilo que ainda me falta descobrir e conhecer (talvez quase tudo!) … Contudo não deixamos de poder ser conhecedores e sábios sobre o mundo que nos pertence… o nosso! É sobre este “micro-mundo” (que é a nossa própria existência e daqueles que fazem parte dela) que vos quero falar…


Poderia e vou começar por retomar a expressão que utilizei para definir um pouco a maioria dos comportamentos que observo no meu mundo – “A Grande Peça de Teatro” da qual teimamos em participar (o que acho fantástico, atendendo à criatividade como característica nobre pertencente ao ser humano). Apenas tenho um “quê” de confuso e de perplexidade e em certa medida até ininteligível…
Pergunto: Qual a razão de eu sentir que a esmagadora maioria dos seres humanos (do meu mundo) age de forma… nem sei como dizer…. age de forma absolutamente “falsificada”? Será este o termo? O que quero dizer, é que as pessoas não me parecem genuínas, não me parecem verdadeiras… parece que defendem coisas em que não acreditam…. Parece que agem de acordo com modelos preconcebidos… com autoria no “outro” e não de acordo com o que sentem verdadeiramente… Mas qual é o problema?! Não entendo! Porquê esta dificuldade em assumir posições? Em dizer exactamente o que sente em relação à pessoa, à coisa, ao acontecimento? Não seria bem mais fácil agir desse modo? Não seria bem mais gratificante para nós sabermos exactamente o impacto que causamos nos outros? Será necessário “vestir as mil máscaras”, perante as mil situações com que nos deparamos no dia-a-dia? Será mesmo necessário deixar de ter identidade própria para que conste na avaliação do “outro” sobre nós, o quanto somos educados e afáveis? Não estaremos a confundir Sinceridade com Falta de Educação e Educação com Passividade?


Pois eu acho que existe uma enorme confusão entre termos e percepções dos mesmos… Por norma, todos aqueles que têm um desempenho perante o “outro” de certa forma agradável – logo educado, mesmo que ilegítimo - é sempre colocado no “pedestal” das melhores pessoas; aqueles que se regem pela honestidade dos seus sentimentos e opiniões, pela própria avaliação, pela própria percepção, é a denominada “persona non grata”, porque a sua sinceridade e honestidade é entendida como “deseducação”, e agressividade – logo ofensivo e provocador (para não dizer marginal) pelo facto de ser verdadeiro.


É isto que somos e sentimos?


Passaremos nós a vida a representar neste grande palco que é a vida?


Os “Eus” que pela sua honestidade nos actos e nas palavras, não têm lugar na construção de boas relações com os “outros” pela ausência do “guião” da “Peça”, ou simplesmente porque a rejeitam e a ela se opõem?!


Se alguém tiver as repostas, ou simplesmente quiser partilhar a sua opinião… é muito bem-vindo!

5 comentários:

Anónimo disse...

A vida renova seu palco a cada caminho escolhido ,os personagens trocam de lugar pra dar mais animo e sentido a historia de tristezas ou alegrias!!
simplismente e pura intensidade isso é viver no palco das nossas historias... que renovamos pois temo o poder de fazer o nosso proprio destino.. o futuro!!

beijos

Alexandra disse...

Em pesquisas sobre a nossa Biblioteca, descobri-te aqui. Li-te e não pude deixar de comentar, face ao teu apelo no fim da tua postagem. E parece-me que tens razão: viver é fazer teatro. Mais do que uma peça, a vida é um festival de dramas e comédias. Consoante o valor que nos atribuímos, ou tentamos representar para os outros as peças e os personagens que achamos que esperam de nós... ou interpretamos os papéis que inventamos (porque sim!) as histórias que - acreditamos - nos fazem felizes. Vivamos tranquilos com essa noção. Ao fim e ao cabo, o essencial é aceitarmo-nos como somos. E aos outros. E à vida.

Cristina Bernardo disse...

Já passei por aqui algumas vezes(poucas confesso), e quero dizer-te que gosto muito da maneira como escreves, expões os teus sentimentos e questionas a vida.
Efectivamente a vida é um palco em que todos nós somos actores,já Goffman dizia.
O que me incomoda muito na vida é a hipocrisia, a desonestidade, a mentira, a intriga que destroem as relações e minam a sociedade em que vivemos.
Beijinhos
Cristina Bernardo

Teresa disse...

Cara Cristina,
é sempre muito bom ouvi-la, neste caso, lê-la...

é bom saber que partilha um pouco da minha angústia em relação ao mundo... que não são mais que as pessoas, tendo em conta o domínio que têm sobre tudo o que é puro - a natureza por si própria, obedecendo ao seu ciclo.
Não compreendo, de facto, tantas coisas... comportamentos falsos, que, para quem esteja atento, identifica imediatamente o quão ridículo é a máscara, que na maioria das vezes, bem mal representada...

Beijos.

Anónimo disse...

Teresa,

Descobri hoje este blog, mas não quero deixar de comentar.

É bem verdade o que dizes, e penso que a grande maioria das pessoas tem consciência disso, embora, por pressão da sociedade, mantenha tudo na mesma.
É sempre mais fácil ir na corrente do que remar contra ela. É sempre mais fácil dizer o que nos parece bem, do que dizer o que nos vai na alma. É sempre mais fácil a continuidade do que a mudança. A mudança assusta pelo desconhecimento do que virá depois.
Por vezes queremos a mudança, mas não sabemos como dar o primeiro passo. Será que, no fundo, não queremos a mudança por sentirmos que a situação, embora não nos agrade, é confortável para os que nos são mais queridos? Mas, será que a mudança trará mais felicidade para nós e, consequentemente, para os nossos? Será que acreditamos no destino traçado, e que a situação irá melhorar, por si só?
Não sabemos. E porque não sabemos, vamos mantendo tudo na mesma, não dizemos o que pensamos, não fazemos o que queremos e, um dia, morremos, enfim...

Será que é a nossa vida profissional a condicionar, cada vez mais, a nossa vida pessoal? Estará a falta de tempo, a forma como (não) dizemos o que pensamos no meio laboral, talvez por sabermos as consequências que daí poderão resultar, nos está a formatar para sermos assim também no “micro-mundo”?
Penso que as pessoas são verdadeiras mas, por pressão da sociedade, agem de acordo com o que sentem ser o correcto e não de acordo com aquilo que por vezes pensam. Porquê? Se gostamos de alguém, será que não é da nossa natureza agirmos de forma a agradar a essa pessoa? E se esse comportamento comporta algumas acções que não gostamos? É aí que entra o compromisso. É aí que realmente sabemos quanto gostamos de alguém, ou se somos incompatíveis. E depois, se avançamos, e meses ou anos ou décadas depois a magia desaparece, tudo aquilo que para nós era tolerável, deixa de o ser. Será que passamos a ser verdadeiros, a revelar o “verdadeiro eu” ou, ao invés, tal não é apenas um meio de forçar a mudança? Então e se, desde o início, nas nossas relações interpessoais, manifestarmos o “verdadeiro eu”? O que será que vamos conseguir?

A vida é uma fita métrica com menos de um metro, em que cada centímetro é um ano. Por vezes olhamos para onde estamos, medimos até ao princípio da fita, medimos até ao suposto fim da fita, e pensamos quão curta ela é! A vida é uma recta, é a “recta dos 30”, precisamente o atingir da metade da vida!
Efectivamente, com a idade adquire-se um outro olhar para os problemas e questões que a vida nos coloca, mas penso que cada ano, cada década, nos apresenta novos desafios, pelo que acho que nunca estaremos preparados para reagir, sem surpresa, às surpresas da vida. No fundo, todos gostamos de (boas) surpresas.

Como alguém famoso um dia disse: “viver depressa, morrer depressa e ter um óptimo cadáver!” A vida é para ser vivida, porque só temos uma (a menos que acreditemos em reencarnações) e, acima de tudo, é demasiado curta para deixarmos o outro adivinhar o que pensamos (embora, reconheço, essa parte nos possa dar alguma satisfação).

O teu texto tocou-me, fez-me pensar mas provavelmente não dei respostas, apenas mais questões. As minhas desculpas.