terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Amar...



Amor… quando ouço falar “dele”, palavra de honra que sinto alguma dificuldade em entender, o que a esse termo é atribuído ao nível do seu significado… (se calhar não tem…)

Amor… gostar muito… trá-lá-lá… trá-lá-lá… Mas aquilo que mais me intriga é a palavra amo-te! Dita sem quaisquer problemas… em qualquer altura, sem grande dificuldade… Enfim…

Talvez seja arrogância minha, pensar que só eu Amei… Amo… Mas tem explicação… plausível ou não, é a minha… Vejamos:

Amo, mas não cuido… Amo, mas não faço isso… Amo, mas não farei como tu… Amo, mas não suportarei… Amo, mas não me sacrificarei… Amo, mas não me preocupo… Amo, mas é ele(a) quem tem de… Amo, mas, mas, mas, mas…

Pois digo-vos… para mim o Amor não é “isto”… O Amor, é dos sentimentos mais destrutivos e (in) capacitadores que já experimentei, é como um vulcão em plena erupção… espectáculo único, excessivo, exuberante, grandioso, incontrolável, sem limitações prévias, destituído de qualquer vestígio de racionalidade… Age em prol do coração, age em prol do furor da dor que sente quando se perspectiva a perda do objecto amado…

São actos de pura entrega, sem regras, sem combinação prévia de actuações futuras…
Aqueles que Amam, que Amaram…, já não fazem planos… já não combinam, já sabem e tem a experiencia do não-Amor…

O “Não-Amor” são todas as condicionantes ao movimento da entrega total…

…sem qualquer horizonte… Amar… simplesmente amar… deixar o “Outro” agir livremente, com confiança, sem cobrança, sem limites, sem artefactos, aceitação, deixar ir, mas de mão estendida ao regresso… Sem planos, exigências, sem pedir, sem implorar… SEM QUERER SÓ PARA SI…

A Humanidade ainda tem de aprender a gerir este sentimento… talvez por isso esteja em desuso investir no Amor… porque investir no Amor, é deixar que o “Outro” nos conheça por dentro e deixá-lo decidir sozinho sem quaisquer defesas, sem quaisquer subterfúgios…

Hoje, e desde há algum tempo tenho verificado que os casais que se dizem enamorados, que se Amam… enfim… para poderem partilhar um mesmo espaço… casar, viver junto… têm de cumprir 1001 regras para que o Amor não tenha um fim…! Isto é Amor?

Se um não gostar dos hábitos do outro, acaba o Amor? Se ele ou ela não cumprirem as tarefas acaba o Amor? Se ele ou ela não gostar dos amigos do outro, acaba o Amor? Se, se, se, se, se…

Como podemos ver, o Amor de hoje é cheio de Mas e de Ses… Muito Bem!
Pois, por mais que tente não concebo o Amor desta forma… cheio de condicionantes, regras, limites… Para mim o Amor não tem limites… são sentimentos contraditórios, incapazes de cumprir regras pré-estabelecidas… não conhece planos inflexíveis…

Aquilo que observo, quando se fala em investir no Amor, são as cerimónias, as festas, as casas que têm de estar super bem equipadas, não pode faltar nada… O vestido de noiva, o bolo, os convidados, etc, etc, etc… Para outros, é dispensável a festa, o bolo, o vestido… apenas promessas de Amor para sempre… muito sexo, noitadas com amigos… e, TOLERÂNCIA ZERO! Nada de cedências, nada de sacrifícios, nada de humildade, nada de nada… Acaba o Amor! Regresso ao Ninho!

Sabemos o quanto é mágico o estado de paixão, que logo à primeira impressão é confundido com o Amor… O Amor, ultrapassa a paixão, ultrapassa a razão, ultrapassa as próprias necessidades… é um sentimento que não diria maior, mas sim altruísta e de raiz no “Outro”…

A pessoa que Ama não diz Nunca! A pessoa que Ama é tolerante, tem esperança, fé, acredita, investe até á ultima gotícula de suor, até à exaustão… e aí… existe um fundo… uma Balança… A balança que nos faz a leitura do peso, da importância, da necessidade desse Amor se aperfeiçoar, se tranquilizar… serenidade…

Acredito que para atingir o pleno da satisfação com objecto amado é incondicional ter que atravessar uma infinidade de contrariedades e dissabores… um universo de transformações intra e interpessoais… Não acredito em pessoas que Amam de acordo com os “requisitos exigidos” e que, certamente trarão “prazo de validade” … porque é esse Amor que hoje observo, é esse Amor que uns outros tanto manifestam… “Amo-te mas com limites… Amo-te até encontrar alguém que ame mais… Amo-te enquanto cumprires o que combinámos…”

SOCORRO!!!!!! Não quero deixar-me contaminar por este Amor “moderno”…! Prefiro aquele que faz doer, aquele que nos faz ficar em posição fetal quando estamos tristes… aquele que quase nos impede de respirar quando aquele “nó” se instala na garganta e que faz o peito ficar contraído… a testa enrugada… a alma em desespero, desejando tornar real a imagem do objecto amado instalada no pensamento…

Completamente irracional? Eu...? Não!

Tal como já referi noutro qualquer contexto… prefiro o Real e Concreto… Mas com um orgulho imenso de ter experimentado e saber o que é Amar… de saber que Amo... apenas encontrei a tranquilidade… serenidade…
Aceitação de mim…

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